História MC Dandara



Ao ouvir os versos “Pode me chamar de boa / a noite inteira” ( clique para ouvir aqui ),
o internauta pode pensar que eles pertencem a mais uma funkeira desinibida que acaba de surgir. Mas não.
 Eles pertencem a Idaulina Alves da Silva, aproximadamente, 51 anos (ela não sabe a idade ao certo pois não
foi registrada quando criança), mais conhecida como MC Dandara.
Ela é uma maranhense da cidade de Cururupu, que aos cinco anos de idade foi dada pela mãe para uma outra família, que batia muito na nela. Para fugir dos maus tratos, a então Idaulina fugiu para viver nas ruas. Aos seis, sete anos de idade, ela carregava bolsa de compras para as madames que saiam do mercado, catava manga no mato para vender, lavava carros e dormia embaixo de um viaduto.
“Nunca fiquei sem dinheiro, sempre dava o meu jeito”, lembra ela que mesmo nas ruas, nunca se envolveu com drogas ou sofreu abusos sexuais.

A vida de Idaulina oscilava entre a rua e a casa de alguma madame que ficava com pena da menina e a levava para casa. Foi assim até os 14 anos, quando ela conseguiu tirar os documentos e decidiu vir para o Rio de Janeiro.

“Um dia, vi o Ney Matogrosso cantando em uma televisão preto e branco. Lembro direitinho dele com uma saia de palha e com um enfeite no braço. Fiquei encantada e disse para mim mesma que queria fazer aquilo: cantar”, lembra.


Foi o sonho de ser cantora que a trouxe para o Rio, em 1988. Ela se pôs na rodoviária e começou a parar as pessoas contando sua história de vida e cantando algumas músicas que ela mesma já tinha composto. Dizia que precisava viajar para poder realizar o seu sonho. Convenceu um senhor que pagou sua passagem, e ainda indicou o endereço de sua filha na Cidade Maravilhosa para que ela pudesse se abrigar. Deu certo até Idaulina descobrir o telefone da patroa.


“A cada número que via na televisão, queria ligar e tentar convencer as pessoas de que eu sabia cantar e precisava de uma chance. A conta veio enorme. Ela brigou comigo no primeiro mês, mas não adiantou. No segundo mês, ela colocou cadeado no aparelho. Achei aquilo estranho e fiquei com medo dela me mandar de volta para o Maranhão. Antes que isso acontecesse, fugi”, conta ela que passou a dormir em uma praça no bairro do Campinho, na Zona Norte do Rio, e voltou a se virar vendendo coisas no sinais.


A vida só melhorou depois que ela conheceu uma senhora de nome Sueli, que a levou para morar com ela e ajudou Idaulina a montar sua primeira barraca de doces, que ela mantém até hoje.


Virgindade X Sucesso 

Em 1995, participou juntamente com seu amigo MC Biano do Festival de Rap no Merck, ganhando primeiro
lugar com o "Rap da Benedita". faixa do cd (

JET BLACK VOL.7)

Para Dandara, o funk é mais do que música e profissão, é "a linguagem da favela".
Em 2006, Dandara lançou na coletânea "Funkão do Tamborzão" de DJ Marlboro, o chamado "Rap do Alcatraz Baixar aqui". Para ela,
 esse rap é um "grito de socorro", pois "hoje, a favela é como uma prisão para muitos. Muitas pessoas de lá não
conseguem sair, pois sofrem com a pobreza e o preconceito dos ricos e brancos."  Créditos Texto: Adriana Carvalho Lopes - Drica Lopes

Ela só virou Dandara em 1995, quando participou de um concurso em um baile funk e levou o primeiro lugar. "Escolhi o nome porque soube que era o nome de uma guerreira. Acho que combinava comigo".

Ela gravou a música, começou a fazer apresentações em bailes, e até cantou no programa da Xuxa . “Esse dia foi muito emocionante para mim. Pois, às vezes, dormia em frente a uma loja e sempre via ela falando, durante o café da manhã da Xuxa, para a gente nunca desistir dos sonhos que se a gente acreditasse, ele aconteceria”, diz. Faixa do cd

Jet Black Vol.8 O Peso Do Funk



Dandara acreditou tanto que prometeu a própria virgindade para Cristo caso conseguisse cantar.


“Prometi que só perderia minha virgindade depois de casada, e que alcançasse meu objetivo”, diz ela que cumpriu parte da promessa – ela teve sua primeira noite de amor em fevereiro desse ano, já famosa, mas sem casamento. Arrependeu-se e deixou o pretendente de lado.


“Só volto a tocar nesse assunto depois que conseguir estabilizar minha carreira e encontrar minha mãe, minha princesa. Não tenho que olhar nem para a esquerda, nem para a direita, só para a frente”, encerra o assunto.


A decepção com o funk veio quando ela descobriu que o ritmo não era bem visto aqui no Rio, e que outros programas de televisão não abririam espaço para um funkeira. “Eu sonhava em cantar no Faustão, no Gugu. Quando descobri que não conseguiria cantando funk, comecei a compor outros estilos. Mas não deu certo”, conta.


Ela batalhou para se firmar como cantora, mas não obteve resultados. Deixou a história um pouco de lado. E só foi reencontrar o funk. Quando um conhecido ouviu uma música sua, e a aconselhou a apimentar um pouco mais a letra.


“Pensei: ‘é sacanagem que o povo quer?’. Então vou cantar sacanagem”, diz ela que estourou com a música “Pode me chamar de boa”, faz cerca de 10 shows por fim de semana e já prepara um novo sucesso.
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